quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Etiqueta da Tecnologia - Parte I - O uso adequado do notebook

(Ana Maria e seu instrumento de trabalho)

Quando entrei na faculdade, ainda se usava caderno, lápis e e caneta bic. Os mais ousados dispunham de fichário, lapiseira pentel e canetas de ponta porosa, e traziam consigo um pacote de post-its para complementar as anotações. 5 anos depois, ao deixar a graduação, o papel já dividia espaço com o notebook, mas ainda levava vantagem. Há cerca de um mês atrás, quando fui lecionar para uma turma de graduação, percebi que a Era do Caderno ficara para trás, e que os estudantes agora lutavam para equilibrar seus notes e netbooks nas nem um pouco confortáveis carteiras de um braço só do Direito da UFRGS (certas coisas nunca mudam....).

Embora seja inegável que o surgimento e a popularização destas tecnologias tenham facilitado muito nossa vida acadêmica, também é evidente que algumas pessoas não sabem utilizá-las de maneira adequada e respeitosa -como convém a uma sala de aula-, e muitas vezes atrapalham seus professores e colegas com um aviso sonoro de que sua licença do antivírus está expirando ou mesmo com os alertas do msn.
Não digo aqui que tais gafes sejam cometidas com má intenção. Muito pelo contrário: é justamente a familiaridade com a tecnologia que nos deixa confortáveis DEMAIS em algumas situações, e acabamos não nos dando conta de que estamos atrapalhando ou mesmo desrespeitando alguém (acredite em mim: o professor que passou décadas estudando e horas preparando aula não vai ficar feliz ao ter sua preleção sobre as sociedades mesopotâmicas interrompida pelo alerta de que você recebeu mensagens de surfista_poa enquanto estava offline).

Para solucionar este problema, Academichic ataca de Célia Ribeiro e lança a primeira parte do Guia de Etiqueta da Tecnologia em Sala de Aula.

1) Deixe seu note sempre sem som em sala de aula. A compreensão de seus colegas sobre as fases da Revolução Francesa ou sobre a diferença entre os regimes de responsabilidade internacional do Estado não será auxiliada pelo som da lixeira do windows esvaziando.

2)Não incomode os outros com a luminosidade: a pessoa ao seu lado pode não ter trazido óculos escuros (essa dica também funciona para bibliotecas).

3)Há hora e lugar para tudo: você realmente precisa abrir aquele cartão virtual com sapinhos alegres enquanto está em aula? Responder e-mails com assuntos particulares? Ler a última edição da Vogue italiana? Se o propósito do note ou netbook é auxiliar em seus estudos, deixe estas outras atividades para depois.

4)Uma tela é sempre uma tela e, portanto, não é vista só por você. Evite constrangimentos e respeite a sua privacidade e a dos outros.

5) Localização é tudo: cheque sua bateria no início da aula e, caso precise recarregá-la, sente-se imediatamente perto de uma tomada, evitando ter que se deslocar depois, dispersando a aula, e também não deixando o cabo do carregador no meio do caminho de alguém.

Por último, se a aula está muito entediante, se você não sabe a razão de ter se matriculado em Filosofia da Linguagem ou se o ritmo da fala do professor possui o mesmo efeito de 3 dramins, isso não é razão para cutucar a colega do lado para mostrar as fotos das suas férias no computador. Ser Academichic é, acima de tudo, ter respeito e bom-senso.
Fontes: Correio Braziliense; Magazine Luiza.

4 comentários:

Ana Maria disse...

Legenda perfeita. Ênfase no INSTRUMENTO DE TRABALHO!

John Savage disse...

Creio que o importante seja tomarmos proveito das capacidades da tecnologia para o nosso benefício, ao invés de permitir que outros se aproveitem de nós através de aparelhos tecnológicos que nós mesmos compramos e mantemos. Homem e tecnologia; criador e criatura; relação interessante, não?

Camila disse...

Prezado John,

Interessante a relação levantada por ti sobre o fato de nós mesmos abrirmos as portas para que outros se aproveitem de nós através da tecnologia.
Assim que eu terminar de ler Baudrillard e rever a triologia Matrix poderei fornecer um comentério mais consistente.

Obrigada pela participação!

John Savage disse...

Cara Camila,

Primeiramente, obrigado pelo obrigada!

Já que estás disposta a ler sobre o assunto, recomendo "Modernidade Líquida" de Zigmunt Bauman. Fala principalmente sobre os efeitos psicológicos e sociais da sociedade moderna, que por meio de uma tecnologia da qual cada vez mais nos tornamos dependentes, nos provê com quase infinitas possibilidades, o que nem sempre vem a contribuir para uma melhor qualidade de vida. Acho triste que cada vez mais trabalhemos para manter um sistema cuja principal meta seja reforçar a si mesmo.

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